Sejamos realistas: o que move a Humanidade é o desejo de colocar o pipipi no popopó, ou no popô, o MeioBit celebra a diversidade. Essa pulsão, para usar um termo técnico, existe em todas as coisas vivas menos pandas idiotas. Com o crescimento de nossa inteligência inventamos novas e criativas formas de criar o monstro de duas costas, e o espaço é o caminho natural de nossos desejos naturais.
Sexo em Gravidade Zero é uma trope comum em ficção científica, Arthur Clarke mesmo não tendo entrado em detalhes, cunhou o termo NASA Sutra. A NASA nega veementemente que esse tipo de acoplagem já tenha ocorrido em órbita. A iniciativa privada por sua vez vem tentando.
Em 1999 foi prometido o primeiro filme pornô feito no espaço, mas ficou quase na promessa. The Uranus Experiment 1 não tinha cena nenhuma. A primeira cena de sexo real em microgravidade foi aparecer em The Uranus Experiment 2 — A Missão, quando Silvia Saint e um sujeito qualquer se uniram (epa) a uma equipe de filmagens no Cometa Vômito, aquele avião que faz vôos parabólicos para treinamento de astronautas e turistas aventureiros.
Vômito aliás foi apenas um dos fluídos que flutuaram durante as filmagens. Infelizmente a verba era curta, só conseguiram filmar uma cena de sexo de 20 segundos, o que é excelente para padrões de blogueiros mas insatisfatória para fãs desse tipo de filme.
Agora o PornHub abriu uma campanha no IndieGoGo pedindo US$ 3,4 M para produzir um pornô no espaço. Não é queda livre (ok, tecnicamente é), não são 30 s e mais nada. É completo, com 6 meses de treinamento de astronautas, blá blá blá. O filme será estrelado por Eva Lovia, essa moça edificante aqui:
Agora a triste realidade: não vai acontecer.
Não importa quantas vezes a Superinteressante, o G1, o R7 e “blogs de tecnologia” divulguem, não vai acontecer. É mais fácil o tal meteoro que os supracitados sites retardados estão divulgando destruir a Terra em setembro do que esse filme acontecer.
Explicação curta: o custo de mandar astronautas pro espaço em uma Soyuz é de US$ 70 milhões por cabeça. O projeto já começaria US$ 136,2 milhões no vermelho. US$ 3,2 M não paga nem o traje espacial que a Eva vai tirar.
Explicação longa
Querem filmar em 2016, mas até lá a única nave capaz de levar humanos para o espaço continuará sendo a Soyuz ou sua versão chinesa kibada. As cenas terão que ser feitas na Estação Espacial, não tem jeito. A Soyuz é um ovo:
É humanamente impossível tentar gerar novos humanos em uma Soyuz. Mesmo que a Sam Cristoforetti fosse mordida por um alien ninfomaníaco, entrasse em Modo Barbarella e falasse “ok rapazes, agora ou nunca”, o máximo que conseguiria em termos de movimento seria mexer nos colegas com aquela vareta que usam para alcançar os botões, e isso pra mim descamba no Fio-Além Da Terra:
A NASA e a ESA odeiam turistas espaciais, só toleram por causa da perene falta de grana dos russos. Mesmo eles também não gostam, mas dinheiro é dinheiro. Mesmo assim dois passageiros zonearia completamente a escala de vôos.
Não que fizesse diferença. A opinião pública cercaria a sede da NASA com tochas e ancinhos, se uma estação financiada com dinheiro público fosse usada para filmar um pornô. A Estação por sua vez não está preparada para esse nível de contaminação biológica.
O mais preocupante é o moonshot, digo, money shot. É um pornô, não há sutileza, clímax sem clímax é anticlímax. NINGUÉM vai se candidatar a descontaminar a estação de todo o DNA flutuante. Desconectarão o módulo e o ejetarão de órbita, é a única forma de ter certeza.
A indústria de filmes adultos nos EUA foi dizimada pela internet. Nem quando o escândalo da Traci Lords (bota no Goog… — nah, melhor não) estourou o efeito foi tão devastador. Logo a última geração que ainda paga por Pr0n irá morrer ou desenvolver Alzheimer e esquecer de renovar a assinatura do BaileyJay.com. As perspectivas são cada vez piores, só resta aos sites apelar, e o PornHub entende de apeladas quase tanto quanto entende de peladas.
A “promessa” do tal filme nunca irá se concretizar, mas não é um golpe no estilo MultiLevel Marketing. Quem doar, doou, até agora arrecadaram US$ 9.500,00 mas isso é irrelevante.
Eles querem e estão conseguindo espaço na mídia, divulgação, nome nas bocas. A mídia irresponsável por sua vez apenas repassa, conceitos como apuração e bom senso não existem mais.
O processo editorial é indistinguível do digestivo. Press Releases entram por cima, posts caça-cliques saem por baixo. Sequer a oportunidade de transformar a bobagem em uma situação de aprendizado, como neste texto é aproveitada.
Pesquisa? Nem pensar, não há tempo. Questionar? Pior ainda, sai-se com fama de chato, estraga prazeres ou — qual mesmo o xingamento? — cético.
Fonte: Meiobit
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